POESIA DE GOIÁS
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
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SANDRA MARIA
( Brasil - Goiás )
[ Sandra Maria Fontoura Queiroz de Pina]
Integra a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, União Brasileira de Escritores de Goiás e a Associação Nacional de Escritores – Brasília, cidade onde trabalhou como Assessora Internacional do Ministério da Educação.
Na Universidade Federal de Goiás fez a maior parte de sua formação acadêmica: cursou Piano e Letras, fez Pós-graduação em Teoria Literária (convênio UFG com a Universidade de São Paulo) e iniciou sua vida profissional como professora de Língua Inglesa.
Sandra também estudou na University of Colorado – Estados Unidos e na Universidad de Zaragoza – Espanha.
TEXTOS EM PORTUGUÊS – TEXTOS EM ESPAÑOL – TEXTS IN ENGLISH
MARIA, Sandra. No verso do caso. Volume I. Texto na orelha do livro: Vera Maria Gonçalves de Araújo Mello. Goiânia: Cânone Editorial, 2019. 244 p. 13 x 23 cm ilus. col.
ISBN 978-85-8058-108-9 Ex. bibl. Antonio Miranda
Depois de sua estreia em 2017, com os poemas de Folhas Secas sob meus pés, Sandra Maria nos brinda com sua nova obra No verso do caso.
Graduada em Piano, em Letras e Pós-Graduada em Teoria da Literatura pela UFG, a autora mescla poemas e casos que, reunidos em blocos associados às cores, traduzem emoções e sentimentos: amor, saudade, coragem, angústia e humor. (...)
Suas história e poemas, pouco a pouco expressos nas linhas e entrelinhas da prosa e do verso, relevam o talento e a arte desta brilhante escritora, que nos deixa à espera de novas letras e melodias
outras obras virão) concebidas nas estreitas pautas da vida.
VERA LÚCIA GONÇALVES DE ARAÚJO MELLO/ Membro do grupo "Poesia entre amigas" / Graduada em Piano, Letras e Musicoterapia. Pós- graduanda em Teoria Literária.
Manhã, tarde, noite, depois
De manhã em amarelo ouro
o sol do meio dia
estridente
a gente quente
amolece o corpo
querendo mofar
em quieta inerte
melancolia de tarde
em verde musgo.
Languidez
letargia.
Que agonia!
Irrompo
e grito
Acorda, Vida!
Ainda temos que viver
de noite
em azul intenso!
O repouso é infinito,
no inédito
depois
da meia noite
sem outro
amanhecer
(Só então
e aí
em que cor?)
Um fio a mais
Os caminhos dos homens estão entrelaçados
como os fio de um tecido
colorido
surpreendente.
Mas há uma linha alternativa
de má qualidade
intrometida
que trama
que desbota
e por mais que a gente lave
as nossas vidas
ela continua a soltar tinta
e nos manchar.
Tecelão,
escute o brado.
Troque este fio a mais
pela linha branca
da Paz!
Faxina
Na estrada de terra
olhei para trás
e era só pó
na vista turva.
Rasguei o meu peito
tirei de mim o sofrer
roxo
joguei for na curva.
Serrei o meu cérebro
arranquei dele aquela memória
que voou para longe
no ar de poeira.
Atravessei a ponte
à beira da água
até os meus pés
tocarem o prado molhado.
Parei ouvido a chuva
cantar. Cada gota, uma nota.
Olhei pra trás de novo
o céu se azulara.
Vi no alto o arco-íris
absorver nas cores as dores.
Saí dançando dali
olhei para frente
sorri.
Labaredas de vergonha
lambendo o céu do meu país
AO MUSEU DA QUINTA DA BOA VISTA
De luto
e em pranto vi as luzes
amarelas de calor
elevar para os ares
gritos medonhos da dor
de um imenso sofrer
e descerem para o túmulo
as cinzas da ciência da arte e da história
enterrando nossa memória
pelas pás indiferentes
do descaso
da ganância e do poder.
Chora, Brasil,
pelo seu nada ser de hoje
pois esqueceu o que foi ontem
perdido em um caminho
tortuoso
mas no rumo certo
para um futuro sombrio.
TEXTOS EM ESPAÑOL
Machu Picchu
Para Terezinha (TÈ) que me há llevado a Perú.
Finalmente, ¡ tú y yo !
He oído tu llamada
Abajo, la vuelta que dibuja
las aguas del Río Urubamba,
debatiéndose en las piedras
de cañón
en torno a las viejas montañas
de los caminos incaicos.
En los bosques agrestes
que te rodean
subí
en senderos de piedra
de tierra
de verde.
Allá arriba nos encontramos.
En el ascenso, en cada curva,
poco a poco
un poco de ti
en una revelación
contenida
lenta,
como si te resguardaras
para el esplendor final.
Tomados de la mano
Si piensas
que estoy aquí por ti
ya me voy.
Si piensas
que estoy aquí por mí
aquí no estaré más.
Si piensas
que estoy aquí porque te quiero
adiós.
Si piensas
que estoy aquí porque me quieres
te dejaré.
Si piensas
que estoy aquí porque tengo miedo de estar sola
te equivocas.
Si piensa
que estoy aquí por lo nuestro
me quedo.
TEXTS IN ENGLISH
FOR RANDI
There,
in front of them
I stood, uncertain
The lovely buildings
the Senso-ji Temple
ancient and forceful
(but where the friends?)
Cherry-trees in blossom
a delicate ethereal pink
(but their faces,
where were they?)
The air, heavy with scent,
speaking bubbles in the water fountain
(but their laughter,
where was the sound of it?)
Candles, mystery, darkness
hope in the noise of coins being thrown
(but their voices had gone,
and their songs too
and with them, the peace and quiet
of a Japanese spell)
Ties
When life is kind
hands touch
fingers interwine
in heavenly weaving
(it´s despairing
when they part).
Apart
it´s sunset
never followed
by dawns.
SANDRA MARIA. Folhas Secas sob meus pés. Sandra Maria Fontoura Queiroz de Pina. Goiânia: Cânone Editorial, 2017.
188 p. ilus. color. 14 x 23 cm. ISBN 978-85-8058—095-2
Ex. bibl. Antonio Miranda No.10 598
Artesanato
Devagar eu entro.
Você está lá.
Na oficina mágica
suas mãos (de talento)
cruzem a fibra da planta
(como o vento, os fios dos seus cabelos)
moldam o barro da terra
(como as ondas, as dunas de areia)
tecem a lã do animal
(como as nuvens, o manto do infinito)
E, de repente (é tão bonito!)
no reino encantado
a magia, o milagre
o homem e a natureza
lado a lado
em paz
É só e tudo isso
que a arte faz.
Origens
Eu descendo do Brasil rural
do povo antigo
das velhas fazendas
dos casarões coloniais
com janelas de madeira
pisos de assoalho
varandas, sacadas
com balaústres nos corrimões
e porões escuros
onde se guardavam abóboras e morangas.
Eu descendo dos quintais de frutas
abacate jabuticaba banana
dos doces caseiros
de leite puxento goiabada
servidos na merenda da tarde
com requeijão e pão de queijo.
Eu descendo dos currais barrentos
do leite espumando do peito da vaca
em copo de alumínio
das galinhas soltas no terreiro
da galinhada feita com cebolinha da horta
e com cheiro de pimenta vermelha.
Eu descendo do zebu de Uberaba
do cafezal de Conquista
da estrada de ferro de Sacramento
e do rebanho leiteiro de Campina Verde.
Eu descendo dos meus avós das Gerais
da alegria de Quitito Fontoura
das mãos de fada de Adelaide Afonso
da coragem de Sebastião Geraldo
e do dinamismo de Mônica Maria.
Eu descendo do visionário Dr. Jerônimo
e do trabalho de Dona Celma.
Eu sou do triângulo vizinho
crescida no cerrado goiano
menina na jovem Goiânia
mocinha na Fazenda Maria da Serra do Guapó
senhora na Fazenda Relinquim de Palmeiras.
Mineira dos Goyazes
à maneira roceira
com jeito mateiro
da gente do interior
do chão brasileiro.
(Eu sou da terra).
*
Página ampliada e republicada em abril de 2023
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Página publicada em janeiro de 2023
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